Bispo da Igreja Portuguesa

Ilustre Penafidelense um dos mais carismáticos Bispos da Igreja Portuguesa deste século. Grande pensador e possuidor de uma rectidão e coragem moral muito rara, enfrentou desafios adversos com o fito de contribuir de forma activa para a garantia do imperativo supremo do respeito pela dignidade de cada pessoa em singular e dos seus direitos fundamentais. O seu percurso enquanto homem da Igreja, e enquanto cidadão, pautou-se sempre por uma sensibilidade e uma observância perspicaz de tudo o que o rodeava, deixando como legado às gerações vindouras o seu pensamento e exemplo de actuação.

D. António Ferreira Gomes, nasceu a 10 de Maio de 1906, na Casa de Quintela, que era uma casa de caseiro da Quinta da Quebrada, em S. Martinho de Milhundos, concelho de Penafiel, diocese do Porto.

Esta figura importante da nossa história foi o 4.º filho de Manuel Ferreira e Albina Rosa de Jesus e mudou-se ainda bébé para a Casa do Carreiro.

Aos 10 anos de idade entrou para o Seminário acabando os estudos filosóficos na Universidade Gregoriana, em Roma, para onde foi em 1925.

Em 22 de Setembro de 1928, foi ordenado presbítero na Torre da Marca e logo depois nomeado prefeito e director da disciplina do Seminário de Vilar, do qual viria a ser vice-reitor a partir de Junho de 1936, substituindo o seu tio o Cónego Joaquim Ferreira Gomes.

O seu primeiro livro “Herói e Santo”, publicado em 1931, foi representado na sessão inaugural da Academia Nuno Álvares, no Seminário de Vilar.

A 15 de Janeiro de 1948, foi nomeado Bispo Coadjutor da Diocese de Portalegre e Castelo Branco onde ficou até 1952.

A 13 de Julho de 1952, é nomeado Bispo do Porto, onde entra a 12 de Outubro e onde se manteve até 1982.

A sua primeira visita oficial como Bispo do Porto foi à cidade de Penafiel.

D. António, durante toda a década de 50 preocupou-se com a Miséria Social, a crítica do corporativismo do estado e apelou à livre expressão, escrevendo em 13 de Julho de 1958, o “Pró memória”, conhecido como carta a Salazar.

A 24 de Julho de 1959 vai para o exílio, iniciado em Vigo, depois em Santiago de Compostela, Valência, Alemanha e Lourdes.

No período do seu exílio esteve a Diocese confiada a D. Florentino de Andrade e Silva, administrador apostólico.

A 16 de Julho de 1968, D. António escreveu de Lourdes, uma longa carta endereçada ao Cardeal Cerejeira, Patriarca de Lisboa e Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, onde faz uma denúncia do afundamento da Igreja hierárquica ao regime de Salazar. Contudo, o súbito afastamento deste, em Setembro de 1968, e as expectativas criadas pela chegada de Marcelo Caetano ao governo amenizaram a situação.

A 20 de Dezembro de 1968 é iniciada a campanha para o regresso de D. António na reunião do Conselho Diocesano da Acção Católica.

No dia 19 de Maio de 1969 chega a Fátima e aí aguarda a resolução da Santa Sé.

Este homem preocupou-se, essencialmente, com a doutrinação e a criação de organismos eclesiásticos: Junta de Coordenação Pastoral, Conselho Presbiteral, Comissões e Secretariados, o Seminário Voz Portucalense, o Boletim Igreja Portucalense, Comissão Justiça e Paz e o Conselho de Leigos.

No início de 1981, antes de completar 75 anos, D. António apresenta o pedido de resignação, que só foi atendido um ano depois. A 2 de Maio de 1982 vai viver para a quinta “Mão Poderosa” casa da diocese, em Ermesinde onde morre a 13 de Abril de 1989, tendo a transladação de seus restos mortais sido feita em 1991.

Em 1980, mais concretamente, a 7 de Agosto recebe a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, dois anos depois recebe a Medalha de Honra da Cidade do Porto e a Medalha de Ouro da Cidade de Penafiel. A 13 de Janeiro recebe a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo.

Mais tarde, a 10 de Junho de 1982, foi atribuído o seu nome a uma rua de Penafiel e em Maio de 1999, foi colocada em Milhundos uma estátua de D. António, da autoria da escultora Irene Vilar.

Assim, regressou a Milhundos após sua morte, ficando sepultado no cemitério paroquial. Deixou um testamento redigido em 1977, onde cria a Fundação de SPES com fins benéficos, educacionais e culturais.