Endoenças de Entre-os-Rios
Localização:

Entre-os-Rios
Freguesia: Eja

Outras Denominações:

Procissão do Senhor dos Passos e Procissão do Encontro.

Contexto Tipológico: Endoenças designa a procissão que tem lugar na noite de quinta-feira santa, integrada no ciclo festivo pascal da igreja católica romana, em que se promove o arrependimento e penitência conjunta dos membros da comunidade, e também o pedido de indulgência, como preparação para a celebração da Páscoa.

No lugar e na região envolvente, o termo endoenças abrange, na linguagem comum, o todo em que o evento se integra, incluindo por isso a sexta-feira santa, em que o percurso da procissão é simétrico ao de quinta, ou mesmo a generalidade das práticas da semana santa.

Contexto social:

Comunidade(s): Habitantes e naturais de Entre-os-Rios.
Grupo(s): A organização da procissão está a cargo de mordomos, no entanto, a preparação da festividade abrange diferentes grupos sociais e funcionais.
Indivíduo(s): Mordomos, sacerdote(s) e serviços pastorais, fiéis/figurantes, músicos, penitentes, residentes e naturais em geral.

Contexto Temporal:

Periodicidade: Anual

Data(s): Festa móvel, com data fixada anualmente de acordo com o calendário eclesiástico romano, tratando-se da quinta-feira que precede o domingo de Páscoa.

Caracterização Síntese:

Quinta-feira de Endoenças, com a Procissão do Senhor dos Passos e sermão «do Encontro», é um dia festivo que pertence à vivência fortemente ritualizada da Semana Santa, integrada no ciclo primaveril dominado pela Páscoa. Complementa-a naturalmente a Sexta-feira da Paixão, em que nova procissão, do Senhor Morto, faz o percurso inverso ao da noite anterior, para regressar à matriz onde decorrerá a «aleluia», no sábado.

 

A originalidade desta celebração pascal em Entre-os-Rios não reside porém nas cerimónias em si, semelhantes a outras da Semana Santa, muitas bem mais ricas e complexas, mas no facto de atualizar anualmente o profundo sentido de pertença a uma comunidade ribeirinha invulgar, que não coincide com freguesia ou paróquia, assente num território há oito séculos repartido por três margens de rios de difícil travessia (Tâmega e Douro), que dominaram o seu quotidiano, enquadramento territorial que constitui uma relíquia de divisões administrativas passadas, neste caso as terras do medievo couto de Santa Clara do Torrão.

Por outro lado, a posição dos lugares e o itinerário sacro inscrevem-se em cenário natural ímpar, a desembocadura do Tâmega no Douro, que obrigava outrora à passagem da procissão em barcos e ainda hoje propicia a espetacularidade da iluminação da noite de Endoenças, em que se acendem milhares de lumes distribuídos pelas encostas até à borda da água. A população reforça os laços nestes dias de festa e regresso a Entre-os-Rios, vive-os intensamente no espaço público e no lar, entre as cerimónias religiosas em que participa, a família e a gastronomia tradicional, sempre com o rio presente.

Alguma Bibliografia Relacionada:

ALBERT LORCA, Marlène e outros – Monuments et décors de la Semaine Sainte en Méditerranée: arts, rituels, liturgies. Toulouse, Université de Toulouse II, 2009.

BARBOSA, José Júlio da Mota – Guia de turismo da cidade e concelho de Penafiel. Penafiel: Camara Municipal, 1942.

MONTEIRO, Emília – Monografia do Marco de Canaveses: passado e presente. Marco de Canaveses: Câmara Municipal, 1996.

O Penafidelense. Penafiel, 20 de Março de 1910.

SILVA, Maria Natividade Vieira Andrade Cardoso da; PINTO, Maria Augusta Gomes Vieira; MONTEIRO, Ana Maria da Costa Vieira – Património edificado e etnografia. Sande: E.B.M.448, 1996.

SOEIRO, Teresa – Ofícios e tradições do Douro, in PEREIRA, Gaspar Martins (dir) – As águas do Douro. Porto: Águas do Douro e Paiva , S.A./Edições Afrontamento, 2008., pág. 155-197.

SOEIRO, Teresa – Penafiel, composição de um espaço administrativo. Cadernos do Museu. Penafiel, vol. 10 (2005)., pág. 101-209.

SOEIRO, Teresa – Penafiel. Lisboa: Editorial Presença, 1994.

SOEIRO, Teresa – A Rua do Burgo de Entre-os-Rios. Penafiel: Museu Municipal/ Ed. Cão Menor, 2013.

VIEIRA, José Augusto – Minho pittoresco. Lisboa: Livraria de António Maria Pereira, 1887, vol. 2.

Ligações Úteis:
 www.patrimoniocultural.pt