Ponto Alto da Abertura das Festas do Corpo de Deus
A Cavalhada é o ponto alto de abertura das Festas do Corpo de Deus, com provável origem nas determinações do Tombo das Festas do Corpo de Deus, documento de 1657 reformulado em 1705, que obrigavam à prévia fiscalização das danças por parte do Ouvidor e do Escrivão da Câmara.
A organização destas festas estava a cargo das câmaras municipais, mas toda a sociedade civil e religiosa se fazia representar na procissão, cabendo aos vários grupos profissionais do concelho um conjunto de contribuições obrigatórias. Tinham os ofícios a obrigação de apresentar uma animação, em forma de dança ou baile teatralizado, entre outras tarefas impostas conforme deliberação do respetivo Tombo. No entanto, por determinação régia de 1724, as danças foram banidas das procissões, não podendo mais os grupos atuar durante o cortejo religioso, integrando apenas o conjunto de figurantes passivos do desfile. Vários concelhos não cumpriram durante décadas esta postura régia, e em Penafiel apenas no séc. XIX se verificou o definitivo afastamento dos Bailes da procissão, passando estes a atuar de véspera, na cerimónia da Cavalhada.
A Cavalhada integra atualmente os habituais cavaleiros, a Bicha Serpe, os Bailes e a Figura da Cidade, apresentando-se frente à Câmara, perante o Executivo Municipal. Com a extinção das Corporações dos Ofícios decorrente do Liberalismo, esta prática manteve-se como ritual e costume tradicional da véspera do Corpo de Deus em Penafiel, elogiando-se e engrandecendo-se o poder municipal com a introdução, no séc. XIX, da Figura da Cidade, o delegado do povo transportado em charrete que profere um elaborado discurso dirigido à Edilidade.
Vídeo da Autoria do Blogue Riquezas e Tradições de Tiago Daniel Lopes