HOMENAGEADOS NO ESCRITARIA ESCREVERAM A PENAFIEL

Escritores dedicam textos e mensagens à população

Homenageados recordam festival literário com saudade e gratidão e pedem que não se desista

 

Lídia Jorge, Pepetela, Manuel Alegre, Pilar del Rio ( Fundação José Saramago),Alice Vieira, Mário de Carvalho, Mário Cláudio e Mónica Baldaque (filha de Agustina)

 

Neste momento difícil que o Mundo e Portugal atravessam, os autores homenageados pelo Festival Literário Escritaria não se esqueceram de Penafiel e dirigiram a todos os penafidelenses apelos e mensagens de esperança em dias melhores. São  8 os escritores homenageados e ainda familiares diretos que  escreveram a Penafiel, cidade que lhes rende homenagem num dos maiores festivais literários nacionais.

Lídia Jorge escreve para os “amigos de Penafiel”: “Esperamos todos por que a normalidade regresse, as pessoas deixem de ficar doentes e de morrer. Esperamos voltar em breve às escolas, ao trabalho, aos espectáculos, às ruas cheias de bulício e alegria. Atrás das janelas esperamos. Esperar em casa significa salvar vidas”. Além disto, a escritora dedica um poema, intitulado “Prometido” e contextualizado com a Páscoa, a Penafiel.

Também Pepetela, num longo texto, recorda com carinho os dias em Penafiel e aconselha: “Respeitem as recomendações de que dispõem. Persistência. Coragem para ficar em casa, fechados. E fé na capacidade do humano em enfrentar os desafios. Protejam-se, não facilitem. Os inimigos invisíveis são os piores. E aceitem este apelo de um verdadeiro amigo.”

Alice Vieira recorda os bons momentos que passou em Penafiel, sugere às pessoas que aproveitem o tempo em casa para, por exemplo, começarem a escrever ou a ler e promete que “quando tudo isto passar—quero encontrar-vos todos outra vez em Penafiel. Com uma Escritaria melhor que todas as outras.”.

Por sua vez, Pilar del Rio (Viúva de José Saramago) diz que é nestes momentos que se valoriza a cultura e deseja que “Penafiel continue a ser capital de palavras, que a Cultura seja respeitada como merece”.

Mário de Carvalho caracteriza como “inesquecível” aquilo que viveu no Escritaria e afirma estar certo de que os penafidelenses “saberão vencer este transe, cumprindo para o efeito as normas, afinal simples, que as autoridades sanitárias recomendam. Para que haja mais Escritarias, mais trocas culturais, mais iniciativas prestigiantes. E o nome de Penafiel ecoe sempre como aquele «locus amoenus» em que um dia fomos felizes.”

Manuel Alegre, último homenageado na Escritaria em 2019, por sua vez, gravou uma pequena mensagem em vídeo, onde relembra os dias que passou em Penafiel e pede a todos que fiquem em casa e que evitem contactos desnecessários.

Mónica Baldaque, filha de Agustina Bessa-Luís, recorda a mãe quando diz “Agustina tantas vezes reclamou a sua necessidade de silêncio, de isolamento, para escrever, para se poder dedicar a conhecer a alma das pessoas.” para depois deixar palavras de incentivo aos penafidelenses: “Eu digo: entreguemo-nos a este tempo que parece de Juízo Final, que se tornou personagem simbólica nas nossas vidas, para pensar: quem somos, o que temos entre mãos, e o que nos exige o Dom da Vida.” 

Já Mário Cláudio pede aos “Queridos Amigos De Penafiel”: “mantenham-se em casa, não facilitem, e acreditem num futuro melhor para todos nós“.

O Escritaria, que já conta com 12 edições, é o único festival literário que se dedica a homenagear um escritor vivo de língua portuguesa. Durante uma semana, a cidade de Penafiel transforma-se e é impossível não “tropeçar” na obra e na vida do autor homenageado, com dezenas de iniciativas desde teatro, animação de rua, exposições, apresentação de livros, música e muito mais.